sábado, 24 de abril de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Depois da meia-noite levarei sua calma
Andei pensando em dizer algumas coisas na sua cara. Sei lá, talvez só estejam querendo desenrrugar minha pele pra transformar em cobra, mas sinceramente você já esgotou minha paciência. Não queria ter que chegar a esse ponto, mas, na boa, se eu ganhasse um real pra cada vez que te vi aí do outro lado toda excitada com a sensação imaginada de falta de segurança, babando pelos outros cotovelos enquanto pinta essa cena de perigo mocinha-bandido-sexy-te-seguindo na sua cabeça, aí sim, poderia, enfim, financiar minha ilha deserta lá onde o vinho entornou na cobra. Mas, sinceramente, você já esgotou minha paciência. Então vou fazer um favorzinho pra você, vou materializar toda essa baboseira que você imagina em medo de verdade. Medo daqueles de fazer você chorar até não lembrar o porquê. Medo daqueles que você sente quando olha no espelho e percebe que vai ser sempre assim, que a pessoa ali olhando de volta vai ser sempre a mesma, que todo aquele mundo bonito que criou pra essa que tá te olhando nunca vai passar de uma dorzinha irritante dentro da sua cabeça. Mas você vai continuar aí. Você ainda vai achar legal sentir um medo seguro dentro dentro da sua imaginação. Porque no fim das contas é só isso que te resta, tentar mandar sempre o espelho pra bem longe, e parar, e sentir aquela dorzinha irritante, e seguir. Insistentemente.
Pensando bem, eu que deveria ter medo de você. Você simplesmente não existe, e pelo andar da carruagem, dificilmente irá algum dia.
o forasteirO
Pensando bem, eu que deveria ter medo de você. Você simplesmente não existe, e pelo andar da carruagem, dificilmente irá algum dia.
o forasteirO
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Subindo a ladeira no beco da esquina
Foi ali que enxerguei aquele pastiche de mulher da vida,menos, bem menos que isso, uma vadiazinha daquelas bem baratinhas, de dez pra menos, dependendo do T-Menos para a próxima pedra na cabeça. Essas assim fazem do jeito mais sedento,tenso e animalesco possível, e são essas que eu procuro subindo a ladeira no beco da esquina.
Foi ali que encontrei o conhecido escritor pra ele mesmo daquele bairro,em todo bairro tem um desses,bêbados,cagados,declamando poemas de qualidade literária duvidosa para desgraçados pingaiadas que só querem a próxima dose pra não terem que voltar tão cedo pra gorda das dobras infinitas esparramada em casa na frente do sofá.Talvez sejam gênios.Não os escritores para eles mesmos,os desgraçados pingaiadas.Eu poderia ser um deles,talvez um dia eu seja.Um dia.Por enquanto,e por pura falta do que fazer,continuo subindo a ladeira no beco da esquina.
o forasteiro.
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